Vida Continuada

pq ela continua, independente

Nome: Miguel Young
Local: São Paulo, São Paulo, Brazil

21.9.07

Sobre uma janela que ilumina


agora, me retiro desta janela que ilumina minhas dores, dou por encerrado este dia de fraqueza e vou me esconder por detrás de um pequeno fogo em brasa, com a cabeça inclinada, pelas calçadas que eu alcanço.

retomo, então, minhas regras, na espera, até a próxima estação de fragilidade.

Sobre Ritos e Dores


a experiência é multi facetada, se enverniza na regra quebrada e dá tons inesperados ao que já se achava habituado.

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uma das minhas várias estranhices quando criança era minha relação de prazer quase masoquista com pequenos machucados.

nunca soube direito como isso se dava, mas a pele ralada, com o sangue seco cobrindo a carne exposta, me trazia sensações boas. não agradáveis, mas boas. como se eu pudesse sentir diferente uma parte minha que era invisível. como se eu pudesse ser.

pensava que os machucados eram, para mim, um símbolo de normalidade, algo esperado de crianças e, por isso mesmo, tão alienígenas na minha vida. me sentia mais normal tendo os cotovelos escalavrados em algum chão, para viver, enfim, merecedor como os outros.

nunca nenhum osso quebrado, nunca maiores problemas em função de desafios e provocações. nunca nenhum hematoma por brigas, nunca com os dedos doloridos. a vida passava por sobre minha incapacidade de levantar e impor.

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me proibi certas coisas para não ter de lidar com certas esperanças.
(obediência nunca foi o meu forte)

sob esta luz, percebo que não gosto de reverberar, pq, no fim, reverbero em vão, apesar de reverberar, sim.

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e a vida continua em sua vastidão sem me permitir o esquecimento, por mais esquecido que eu tente me fazer, e o mundo se faz enorme, para que eu permaneça, sem chegar, no caminho de casa.

20.9.07

Sobre tipos de Rios


Pain lies on the riverside
Live

I have never taken Life
Yet I have often paid the price
And you, you are a victim of this age
And the guilt that hangs around your neck
Has got me locked up in a cage

You've got to learn to live until no end
But first you must learn to swim
All over again
Because...

Pain lies on the riverside
And Pain will never say goodbye
Pain Lies on the Riverside
So put you feet in the water
Put your head in the water
Put your soul in the water
And join me for a swim tonight

I have forever, always tried
To stay clean and constantly baptized
I am aware that the river's banks are dry
And to wait for a flood
Is to wait for life

I've got to learn to live until no end
But first I must learn to swim all
Over again,
Because...

Pain lies on the Riverside.

14.9.07

Sobre uma Pergunta com Asas


não é que não ame mais
só, talvez, nunca tenha amado, nada

o encaixe atrofiado não aceita
e uma pergunta me circula;
- amor? que amor?

4.9.07

Sobre meu medo


existe esse medo.
medo da morte, medo do vazio de significado.
sem significados, nos definimos pela dor, nos pautamos pela força de sobreviver mais um dia, nos tornamos amargos na prática diária do próximo passo, da próxima espera, do próximo problema.

existe essa prática.
existem métodos para a sobrevivência, e a cada dia que passa desenvolvo novos, me afundo em antigos, respiro caminhos tortos para fins duvidosos e aprendo coisas que ninguém deveria aprender.

existe uma realidade.
dentre tantas, logo essa.
nela me expremo, de tão maior que sou, e choro, calado, minha claustrofobia de viver.